quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Adeus 2010

Quase que não se podia dizer “O Rio de Janeiro continua lindo”. Primeiro a eleição de Ivo Meirelles na Mangueira, depois a morte do JB impresso e depois Zico numa diretoria do Flamengo, só ficou faltando a dobradinha “Crivella e Piciane com Garotinho no governo e Alvaro Lins como Secretário de Segurança”, aí seria dose para elefante. Isso tudo entre 2009 – 2010, é como se jogasse um balde tinta misturada de varias cores num quadro de Leonardo Davinc, pra se restaurar levará um tempo enorme.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

REI MOMO I E ÚNICO

A figura bonachona e alegre do Rei Momo foi trazida ao Rio, para os folguedos carnavalescos,pelo jornalista Vasco Lima, do extinto jornal A NOITE.

Tudo começou no inicio de fevereiro de 1933, quando ele levou a idéia a chefia da seção de carnaval do jornal, entregue ao cronista Edgard Pilar Drumont, o Palamenta. Uma semana depois, no dia 18, a meia-noite em ponto, surgiu na avenida Rio Branco a figura do Rei Momo, simbolizada num boteco de papelão confeccionado pelo cenógrafo Hipólito Colombo.

O Cortejo – encabeçado por batedores do Moto Clube do Brasil e comissão de frente integrada por sócios do Clube dos Democráticos, além de numerosos foliões ocupando duas dezenas de landaus e doublé phaetons, carros da época, todos enfeitados -, partiu da Praça Mauá, onde estava situada a redação do jornal. O Turing Clube do Brasil, também ali instalado, no Cais do Porto, deu inteiro apoio à iniciativa, tanto que seu presidente, o General Berilo Neves, ia à frente com toda sua diretoria, abrindo caminho para o boneco desembarcado do navio Mocanguê. Do Lloyd Brasileiro. O préstimo foi ate o Passeio Público, sob aplausos do povo, sendo o Rei levado para o Cassino Beira-Mar, onde ficou num trono até terminar a temporada da folia.

A bem sucedida idéia fez com que Vasco Lima e Pilar Drumond resolvessem, no ano seguinte, fazer um rei de verdade representado por uma figura humana para melhor animar os foliões. E assim fizeram do cronista de turfe, jornalista Moraes Cardoso, o primeiro Rei Momo do carnaval carioca, que graças a sua simpatia esfuziante e seu espírito humorístico, manteve-se no trono até dezembro de 1948, quando faleceu. Na época, seus secretários eram os artistas Henrique Chaves e Carlos Machado, mas nenhum deles tinha as condições indispensáveis para substituílo.

Criado o impasse, os redatores do jornal O Mundo, julgando que seus colegas de A Noite tivessem desistido da iniciativa, resolveram, sem consulta-los, lançar um concurso para a escolha de um novo rei. Abertas as inscrições, apresentaram-se vários candidatos, sendo escolhido o comerciante Eduardo Wilzer, dono de uma empresa funerária. Seu reinado, foi efêmero, pois a turma de A Noite alertada, protestou e retomou a promoção.

Eduardo Wilze era considerado um rei suburbano. Só andava de jeep e ia apenas aos clubes e escola de samba dos morros e subúrbios da cidade, sem ter jamais aparecido nas agremiações sociais do centro da cidade. Tanto assim, que nesse rápido giro como rei, levou o cronista Braga Filho a fazer para ele a seguinte quadrinha, relacionada com a sua profissão.

“nas minhas horas encontro
a diferença da sorte,
em umas, trabalho para a vida
em outras, trabalho para a morte...”
Mas a turma de A Noite, considerando ainda vago o trono, foi buscar um outro jornalista em suas próprias fileiras para substituir o saudoso Moraes Cardoso.

Foi assim que apareceu o industrial e milionário Gustavo de Matos, doublé de jornalista e banqueiro, rapaz insinuante, educado na Inglaterra e falando quatro idiomas. Gustavo, tornouse além do mais granfino rei surgido, o mais diferente de todos, pois só andava acompanhado por um séqüito de lindas garotas, todas conduzidas em vários Lincoln Continental, carro dos mais luxuosos da época.

De Gustavo de Mattos conta ainda Braga Filho que, num dos famosos bailes do Quitandinha, ele se meteu numa aventura com uma turista americana, com quem bebeu champanhe, comeu, dançou e flertou tendo, no final da noitada alegre, dado por falta de sua coroa, que era de ouro de lei, somente encontrando-a dois dias depois, isto é, na terça-feira de Carnaval, no camarote da turista, à bordo do navio que a trouxera ao Rio. E ela não queria devolver a coroa do Rei Gustavo, que pretendia levar como souvenir.

O titulo de Rei Momo foi para ele apenas uma brincadeira, tanto assim que abdicou do trono, sendo escolhido para substituí-lo, mais uma vez, outro repórter de A Noite: Jaime Moraes, o Papai, como era chamado pelos colegas, que faziam a cobertura de fatos policiais. Seu reinado, porém, foi curto face à imposição de sua mulher que o mandou escolher; “ou eu ou a coroa...” e Jaime não teve outra alternativa.

Foi ai que surgiu, em 1951, a figura alegre e inesquecível do radialista Nélson Nobre, filho da grande cantora e atriz Sarah Nobre, cujo reinado foi até 1957. no ano seguinte, em concurso realizado pela Associação de Cronistas Carnavalescos –ACC, por incumbência do cronista Pillar Drumont, foi eleito o comerciante Ary Bahia, cujo reinado durou pouco. Abusando dos poderes que a coroa lhe outorgava ele praticou atos e fatos que macularam a nobreza do titulo e acabou sendo deposto antes mesmo do Carnaval.

Nelson Nobre foi novamente convocado e voltou com toda a galhardia e vivacidade até que, em 31 de dezembro, daquele ano, durante um almoço comemorativo do centenário Clube dos Tenentes do Diabo, foi acometido de um enfarte, vindo a falecer. Quem substituiu foi seu secretário, o comerciante Abrahão Haddad, que permaneceu no trono por mais de uma década.

Abrahão Haddad reinou até 1971, tendo ido duas vezes aos Estados Unidos a convite oficial do governo daquele país, sendo recebido com honraria compatíveis a um rei de verdade.

Depois veio o radialista Edson Seraphim Santana, que tomou conta da coroa por doze meses, até que acabou sendo derrubado em sensacional concurso pelo soldado da Polícia Militar Elson Gomes da Silva, o popular Macula, o primeiro rei negro do Carnaval, eleito por pressão de sambistas. Mas no ano seguinte, Edson Santana retomou a posse da corroa, e ficou no poder de 1974 até 1982.

Em 1983, em concurso realizado na sede do Club Municipal, Edson, apesar de estimulado por uma grande torcida, acabou sendo derrotado pelo jovem ator Paolo Vicente Pacelli, sobrinho do Papa João Paulo I.

No ano seguinte, no concurso promovido pela ACC na antiga quadra da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, do qual Edson Santana também participou, foi eleito o comerciante Roberto Barbosa Castro, o Robertão, dono de um posto de gasolina no subúrbio de Piedade. Mas o radialista não se conformou com as duas derrotas consecutivas e voltou a disputar o titulo em 1985, conseguindo, mais uma vez, retomar a coroa que ficou em seu poder até 1986. nos anos subsequentes, isto é, em 1987, 1988 e 1989, o trono passou a ser ocupado pelo musico e produtor Reynaldo de Carvalho, o Bola, o rei mais gordo (160 quilos), eleito nos dois primeiros anos e aclamado em 89 por desistência dos demais candidatos que o apoiaram.

A importância do Rei Momo I e Único é tanta que em 1967 a figura tornou-se oficial através da Lei nº 1455 de 12 de outubro e alterada pela Lei nº 1576 de 13 de dezembro do mesmo ano pela Assembléia Legislativa do então Estado da Guanabara.

Com a fusão, em 1975, da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, esta Lei ficou um tanto confusa na sua interpretação. Sendo assim, em 26 de dezembro de 1985, foi sancionada pelo Prefeito Marcelo Alencar, a Lei nº 802, de autoria do vereador Paulo Emílio, que dispõe sobre as normas do concurso. Neste documento ficou ainda instituído a entrega do Troféu Edgard Pillar Drumont ao candidato eleito, perpetuando, dessa forma, a figura daquele inesquecível cronista carnavalesco.

Relação dos Reis Momos

1933 - Um boneco artístico de papelão esculpido pelo cenógrafo Hipólito Colombo;
1934 - O cronista Moraes Cardoso – reinou até 1948;
1949 - O jornalista e milionário Gustavo de Mattos;
1950 - Jornalista Jaime Moraes;
1951 - Radialista Nelson Nobre – reinou até 31 de dezembro de 1958;
1958 - Comerciante Ary Bahia – foi deposto e substituído por Abrahão Haddad;
1959 - Abrahao Haddad – eleito ficou de posse da coroa até 1971;
1972 - Radialista Edson Seraphim de Sant´ana
1973 - Élson Gomes da Silva – Élson Macula – policial sambista
1974 - Edson Sant´ana – reinou até 1982
1983 - Ator Paolo Vicente Paccelli;
1984 - Roberto Barbosa Castro – Robertão – comerciante;
1985 - Edson Sant´ana – reinou até 1986
1987 - Reynaldo de Carvalho – Bola – musico e produtor
1988 - 1995 - Reynaldo de Carvalho – Bola – músico e produtor
1996 - Paulo Cesar Braga Champorry
1997 – 2003 Alex de Oliveira
2004 - Wagner Jorge Vanderson Santos Monteiro (Wagner Monteiro)
2005 -Marcelo de Jesus Reis (Marcelo Reis)
2006 – 2008 Alex de Oliveira
2009 – 2011 Milton Rodrigues da Silva Júnior (Milton Júnior)