terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

2011 Já passou


O mundo vai ficando mais triste, chegamos na segunda década do segundo milênio, o ano de 2011 foi um dos mais marcantes em todos os sentidos, tive uma perda sentimental muito dolorosa, pedi a única pessoa que  amei  verdadeiramente minha mãe no dia  10 de julho de 2011 as 6:00 foi como o sentido da vida estivesse se esvaindo, nunca tinha imaginado o quanto uma pessoa significa para outra, perdi a vontade de tudo não conseguia raciocinar e nem me concentrar nas mínimas coisas mais essenciais, mais não podemos deixar de viver a vida tem que continuar, mesmo com esse vácuo na existência.
A poucos dias para fazer  dois anos que não posto no blog , hoje consegui entrar na situação, pretento atualizar os post.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A Terra se move

Miriam Leitão, O Globo


A morte de um lutador contra o racismo. Era uma delícia conversar com Abdias Nascimento, ouvir suas histórias, e ver que, tendo nascido em 1914, em 2011 ele ainda combatia as lutas que atravessaram sua vida. Sua convicção era que o racismo brasileiro divide a sociedade de uma forma dolorosa para quem vive o preconceito; mas continua invisível e negada por uma parte do país.

Abdias foi um agitador cultural e produtor de ideias. Começou a defender teses de ação afirmativa antes que o conceito existisse, nos anos 1940. Nas várias trincheiras em que atuou — teatro, cinema, jornalismo, artes plásticas, política — era o mesmo Abdias: o que sustentava que sim o racismo existe entre nós, disfarçado às vezes, explícito outras, e que com todas as suas artimanhas ele apequena o Brasil.


Naquela ordem escravagista, o abolicionismo era tratado como ideia que destruiria a capacidade produtiva do país. Montados como centrais de lobby para a defesa da escravidão, os clubes da lavoura sustentavam que o país se consumiria sem a escravidão.

Trecho do belo texto da colunista de O Globo

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A EVOLUÇÃO DOS GRANDES CLUBES CARNAVALESCOS

TENENTES DO DIABO


A historia nos conta que as Grandes Sociedades, que na década de 70 eram denominadas GRANDES CLUBES CARNAVALESCOS, marca a atuação dos três mais antigos Clubes (Tenentes do Diabo, Democráticos e Fenianos), principalmente nos movimentos patrióticos brasileiros pela emancipação da escravatura e implantação da Republica.

“Foi no final do século XIX que se iniciou o carnaval das Grandes Sociedades, novidade anunciada em 14 de janeiro de 1855 pelo jornal Correio Mercantil – na época o mais importante da cidade – em crônica assinada pelo romancista José de Alencar. Constituída por um grupo de oitenta foliões dos mais diferentes ramos de atividades, as Grandes Sociedades prometiam promover, no domingo de carnaval, sua grande promenade pelas principais ruas do Centro da Cidade.

A riqueza e o luxo dos trajes, a musica, as flores e o aspecto original do grupo tornaram interessante o desfile de mascara. Foi assim que surgiram as tradicionais agremiações, das quais participavam pessoas de alto nível social, conforme comprovam famosos historiadores como Gastão Cruls, Melo Moraes Filho, Paulo Barreto (João do Rio), Mariza Lira, Roberto Macedo, Morales de Los Rio, câmara Cascudo, Vieira Fazenda, Luiz Edmundo e muitos outros pesquisadores da história do nosso carnaval.

Sua alteza Real o Imperador foi procurado, na residência oficial, na Quinta Imperial, por José de Alencar, Muniz Barreto, Joaquim Francisco Alves, Coronel Polidoro da Fonseca e João Quintanilha, que o convidaram para assistir das sacadas do Paço Imperial, na Praça XV de Novembro (antigo edifício dos Correios e Telégrafos), ao sensacional desfile, do qual participaram os oitenta iniciadores das Grandes Sociedades, entre eles Pinheiro Guimarães, Ramon de Azevedo, César Muzio, Augusto de Castro e Manoel Antonio de Almeida a fina flor da Elite carioca da época.

Nascia, assim, um carnaval cheio de alegria, entusiasmo e humorismo dominando as ruas do Rio.

O grupo inicial de foliões constituiu o chamado Grande Congresso das Sumidades Carnavalescos, dissolvido por constantes desavenças internas, surgindo, então, a Sociedade de Estudantes de Heidelberg, à qual se filiaram associados de outras agremiações.
O primeiro Grande Clube foi o dos Zuavos Carnavalescos nome de fundação dos Tenentes do Diabo, que surgiu no combate de num incêndio por seus associados a uma drogaria da Rua Direita (hoje 1º de Março) em pleno domingo de Carnaval de 1861 por este feito passou a ser chamado EUTERPE COMERCIAL TENETES DO DIABO com as cores vermelha e preta.
Em 1867 saiu com a alegoria “A Orfandade”, cujos componentes pediam auxilio para o Asilo dos Inválidos e para Caixa de Socorro D. Pedro II. Logo depois surgiria os DEMOCRATICOS CARNAVALESCOS. Sua história é de certo hilariante, segundo relatos da época, na comemoração do dia de Nossa Senhora da Gloria em 15 de Agosto 1866 toda as atenções das cariocas era para os oficiais da Marinha e do Exército que se preparavam para voltarem aos campos de batalha no Paraguai, onde combatiam Solano Lopes. Foi quando na Maison Rouge famosa Confeitaria onde a nata da boemia se reúnia, três boêmios conhecidos da época, um deles o português José Alves da Silva o Zé dos Pinicos, compraram um bilhete da loteria decidindo que , se ganhassem, fundariam um club carnavalhesco. No mesmo dia a notícia correu pela movimentada Rua do Ouvidor. A sorte grande fora tirada pelos três boêmios, quinze contos de réis uma fortuna na época.
Promessa é divida. Em Janeiro 1867, ja com a influencia das idéias republicanas, instalava-se em um sobrado da Rua Direita, 5 (hoje Primeiro de Março) o Democráticos Carnavalescos, Zé dos Pinicos foi 1º presidente que escolheu Nossa Senhora da Glória como padroeira do club, trazendo uma imagem da Santa de sua terra natal, cuja chegada ao Rio houve uma grande festa sendo conduzida para o Outeiro, como agradecimento, um rico troféu, uma águia de bronze, de asas abertas, pousada em uma rocha e trazendo no bico uma corrente atada à garra esquerda, símbolo adote também escolheu a bandeira: listras verde, amarelas, preta e branca, cores do Grupo dos Vinte Amantes, do qual era sócio. Anos depois resolverão abolir as cores verde e amarelo, ficando só preta e branca com a iniciais CD, mudando também o nome para Clube dos Democráticos.
Da Rua Direita, mudou-se para a Rua Hospício (Buenos Aires), em seguida para Rua do Cano (Sete de Setembro), depois para Rua do Sebo (Rua da Alfândega) passando depois para Rua do Fogo (Rua dos Andradas); Rua do Passeio ( onde funcionou o cinema Metro Boavista) e posteriormente para Pç Tiradentes (conhecida na época como praça da Constituição), segundo a imprensa da época foi comprado um terreno na Avenida Gomes Freire onde seria construída sede própria, no entanto o jornalista Edmundo Bittencourt (que era Democrático) interessado em construir ali o seu jornal, o Correio da Manhã consegue trocar por outro na Rua do Riachuelo, 91/93 (antigo caminho Mata Cavalos), quando como presidente perpetuo Alfredo Alves da Silva o Zé do Pinicos construiu a majestosa sede que na época era conhecida como Castelo nome dado por José do Patrocínio ainda na Rua do Cano onde proclamava e seus discursos pela abolição da Escravatura, dizia “deste CASTELO concito o povo à Abolição da Escravatura no Brasil”. Projetado pelo Arquiteto Sebastião Pereira de Oliveira e inaugurado em 20 de março de 1931 e tombado pelo Decreto nº 6932 em 08 de Setembro de 1987 , em sua homenagem através do Decreto nº 1910 de 1932 foi criada a Avenida dos Democráticos.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Adeus 2010

Quase que não se podia dizer “O Rio de Janeiro continua lindo”. Primeiro a eleição de Ivo Meirelles na Mangueira, depois a morte do JB impresso e depois Zico numa diretoria do Flamengo, só ficou faltando a dobradinha “Crivella e Piciane com Garotinho no governo e Alvaro Lins como Secretário de Segurança”, aí seria dose para elefante. Isso tudo entre 2009 – 2010, é como se jogasse um balde tinta misturada de varias cores num quadro de Leonardo Davinc, pra se restaurar levará um tempo enorme.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

REI MOMO I E ÚNICO

A figura bonachona e alegre do Rei Momo foi trazida ao Rio, para os folguedos carnavalescos,pelo jornalista Vasco Lima, do extinto jornal A NOITE.

Tudo começou no inicio de fevereiro de 1933, quando ele levou a idéia a chefia da seção de carnaval do jornal, entregue ao cronista Edgard Pilar Drumont, o Palamenta. Uma semana depois, no dia 18, a meia-noite em ponto, surgiu na avenida Rio Branco a figura do Rei Momo, simbolizada num boteco de papelão confeccionado pelo cenógrafo Hipólito Colombo.

O Cortejo – encabeçado por batedores do Moto Clube do Brasil e comissão de frente integrada por sócios do Clube dos Democráticos, além de numerosos foliões ocupando duas dezenas de landaus e doublé phaetons, carros da época, todos enfeitados -, partiu da Praça Mauá, onde estava situada a redação do jornal. O Turing Clube do Brasil, também ali instalado, no Cais do Porto, deu inteiro apoio à iniciativa, tanto que seu presidente, o General Berilo Neves, ia à frente com toda sua diretoria, abrindo caminho para o boneco desembarcado do navio Mocanguê. Do Lloyd Brasileiro. O préstimo foi ate o Passeio Público, sob aplausos do povo, sendo o Rei levado para o Cassino Beira-Mar, onde ficou num trono até terminar a temporada da folia.

A bem sucedida idéia fez com que Vasco Lima e Pilar Drumond resolvessem, no ano seguinte, fazer um rei de verdade representado por uma figura humana para melhor animar os foliões. E assim fizeram do cronista de turfe, jornalista Moraes Cardoso, o primeiro Rei Momo do carnaval carioca, que graças a sua simpatia esfuziante e seu espírito humorístico, manteve-se no trono até dezembro de 1948, quando faleceu. Na época, seus secretários eram os artistas Henrique Chaves e Carlos Machado, mas nenhum deles tinha as condições indispensáveis para substituílo.

Criado o impasse, os redatores do jornal O Mundo, julgando que seus colegas de A Noite tivessem desistido da iniciativa, resolveram, sem consulta-los, lançar um concurso para a escolha de um novo rei. Abertas as inscrições, apresentaram-se vários candidatos, sendo escolhido o comerciante Eduardo Wilzer, dono de uma empresa funerária. Seu reinado, foi efêmero, pois a turma de A Noite alertada, protestou e retomou a promoção.

Eduardo Wilze era considerado um rei suburbano. Só andava de jeep e ia apenas aos clubes e escola de samba dos morros e subúrbios da cidade, sem ter jamais aparecido nas agremiações sociais do centro da cidade. Tanto assim, que nesse rápido giro como rei, levou o cronista Braga Filho a fazer para ele a seguinte quadrinha, relacionada com a sua profissão.

“nas minhas horas encontro
a diferença da sorte,
em umas, trabalho para a vida
em outras, trabalho para a morte...”
Mas a turma de A Noite, considerando ainda vago o trono, foi buscar um outro jornalista em suas próprias fileiras para substituir o saudoso Moraes Cardoso.

Foi assim que apareceu o industrial e milionário Gustavo de Matos, doublé de jornalista e banqueiro, rapaz insinuante, educado na Inglaterra e falando quatro idiomas. Gustavo, tornouse além do mais granfino rei surgido, o mais diferente de todos, pois só andava acompanhado por um séqüito de lindas garotas, todas conduzidas em vários Lincoln Continental, carro dos mais luxuosos da época.

De Gustavo de Mattos conta ainda Braga Filho que, num dos famosos bailes do Quitandinha, ele se meteu numa aventura com uma turista americana, com quem bebeu champanhe, comeu, dançou e flertou tendo, no final da noitada alegre, dado por falta de sua coroa, que era de ouro de lei, somente encontrando-a dois dias depois, isto é, na terça-feira de Carnaval, no camarote da turista, à bordo do navio que a trouxera ao Rio. E ela não queria devolver a coroa do Rei Gustavo, que pretendia levar como souvenir.

O titulo de Rei Momo foi para ele apenas uma brincadeira, tanto assim que abdicou do trono, sendo escolhido para substituí-lo, mais uma vez, outro repórter de A Noite: Jaime Moraes, o Papai, como era chamado pelos colegas, que faziam a cobertura de fatos policiais. Seu reinado, porém, foi curto face à imposição de sua mulher que o mandou escolher; “ou eu ou a coroa...” e Jaime não teve outra alternativa.

Foi ai que surgiu, em 1951, a figura alegre e inesquecível do radialista Nélson Nobre, filho da grande cantora e atriz Sarah Nobre, cujo reinado foi até 1957. no ano seguinte, em concurso realizado pela Associação de Cronistas Carnavalescos –ACC, por incumbência do cronista Pillar Drumont, foi eleito o comerciante Ary Bahia, cujo reinado durou pouco. Abusando dos poderes que a coroa lhe outorgava ele praticou atos e fatos que macularam a nobreza do titulo e acabou sendo deposto antes mesmo do Carnaval.

Nelson Nobre foi novamente convocado e voltou com toda a galhardia e vivacidade até que, em 31 de dezembro, daquele ano, durante um almoço comemorativo do centenário Clube dos Tenentes do Diabo, foi acometido de um enfarte, vindo a falecer. Quem substituiu foi seu secretário, o comerciante Abrahão Haddad, que permaneceu no trono por mais de uma década.

Abrahão Haddad reinou até 1971, tendo ido duas vezes aos Estados Unidos a convite oficial do governo daquele país, sendo recebido com honraria compatíveis a um rei de verdade.

Depois veio o radialista Edson Seraphim Santana, que tomou conta da coroa por doze meses, até que acabou sendo derrubado em sensacional concurso pelo soldado da Polícia Militar Elson Gomes da Silva, o popular Macula, o primeiro rei negro do Carnaval, eleito por pressão de sambistas. Mas no ano seguinte, Edson Santana retomou a posse da corroa, e ficou no poder de 1974 até 1982.

Em 1983, em concurso realizado na sede do Club Municipal, Edson, apesar de estimulado por uma grande torcida, acabou sendo derrotado pelo jovem ator Paolo Vicente Pacelli, sobrinho do Papa João Paulo I.

No ano seguinte, no concurso promovido pela ACC na antiga quadra da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, do qual Edson Santana também participou, foi eleito o comerciante Roberto Barbosa Castro, o Robertão, dono de um posto de gasolina no subúrbio de Piedade. Mas o radialista não se conformou com as duas derrotas consecutivas e voltou a disputar o titulo em 1985, conseguindo, mais uma vez, retomar a coroa que ficou em seu poder até 1986. nos anos subsequentes, isto é, em 1987, 1988 e 1989, o trono passou a ser ocupado pelo musico e produtor Reynaldo de Carvalho, o Bola, o rei mais gordo (160 quilos), eleito nos dois primeiros anos e aclamado em 89 por desistência dos demais candidatos que o apoiaram.

A importância do Rei Momo I e Único é tanta que em 1967 a figura tornou-se oficial através da Lei nº 1455 de 12 de outubro e alterada pela Lei nº 1576 de 13 de dezembro do mesmo ano pela Assembléia Legislativa do então Estado da Guanabara.

Com a fusão, em 1975, da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, esta Lei ficou um tanto confusa na sua interpretação. Sendo assim, em 26 de dezembro de 1985, foi sancionada pelo Prefeito Marcelo Alencar, a Lei nº 802, de autoria do vereador Paulo Emílio, que dispõe sobre as normas do concurso. Neste documento ficou ainda instituído a entrega do Troféu Edgard Pillar Drumont ao candidato eleito, perpetuando, dessa forma, a figura daquele inesquecível cronista carnavalesco.

Relação dos Reis Momos

1933 - Um boneco artístico de papelão esculpido pelo cenógrafo Hipólito Colombo;
1934 - O cronista Moraes Cardoso – reinou até 1948;
1949 - O jornalista e milionário Gustavo de Mattos;
1950 - Jornalista Jaime Moraes;
1951 - Radialista Nelson Nobre – reinou até 31 de dezembro de 1958;
1958 - Comerciante Ary Bahia – foi deposto e substituído por Abrahão Haddad;
1959 - Abrahao Haddad – eleito ficou de posse da coroa até 1971;
1972 - Radialista Edson Seraphim de Sant´ana
1973 - Élson Gomes da Silva – Élson Macula – policial sambista
1974 - Edson Sant´ana – reinou até 1982
1983 - Ator Paolo Vicente Paccelli;
1984 - Roberto Barbosa Castro – Robertão – comerciante;
1985 - Edson Sant´ana – reinou até 1986
1987 - Reynaldo de Carvalho – Bola – musico e produtor
1988 - 1995 - Reynaldo de Carvalho – Bola – músico e produtor
1996 - Paulo Cesar Braga Champorry
1997 – 2003 Alex de Oliveira
2004 - Wagner Jorge Vanderson Santos Monteiro (Wagner Monteiro)
2005 -Marcelo de Jesus Reis (Marcelo Reis)
2006 – 2008 Alex de Oliveira
2009 – 2011 Milton Rodrigues da Silva Júnior (Milton Júnior)

domingo, 24 de outubro de 2010

21 Anos depos!

Difícil, imaginar outra eleição como a de 1989. Foi este o sentimento que embalou a primeira campanha presidencial depois de 29 anos sem eleição direta para presidente. Uma geração inteira experimentou o sabor de empunhar a bandeira do seu candidato, de gritar no comício no centro da cidade e depois discutir política bebendo um chope gelado no saudoso Tangará onde se reunia tanto Brizolistas em maioria como Petistas, ainda na existia o “Lulismo”, se reunia um grupo de amigos, muitos hoje mortos, numa discussão acalorada.
Foi a primeira eleição com o voto dos analfabetos em um país integrado por uma indústria cultural (235 emissoras, cinco redes nacionais, 25 milhões de aparelhos receptores, 94% de audiência potencial). 47% dos eleitores não tinham 30 anos, nunca haviam votado e tinham grande intimidade com a linguagem televisiva. O perfil do eleitor de Collor coincide com dos tipos mais suscetíveis à influência da mídia (baixa renda, baixa escolaridade, área rural, acesso à informação via TV, etc).
Fernando Collor (PRN) era o governador de Alagoas. Apareceu dizendo que acabaria com os marajás, que era o candidato dos descamisados, que isso e que aquilo. Ancorado numa campanha milionária, virou fenômeno eleitoral. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Leonel Brizola (PDT) se engalfinharam na briga pela outra vaga no segundo turno. Brizola ignorou São Paulo, o maior eleitorado brasileiro, e apostou tudo no Rio e no Rio Grande do Sul, onde fez quase 80% dos votos. Em São Paulo, fez 2%. Lula teve resultados medianos em todo o país e venceu. Nenhum analista arriscaria, meses antes, os candidatos da reta final: Collor e Lula.
Nas novelas como Vale Tudo (16/5/88 a 7/1/89); O Salvador da Pátria (9/1 a 12/8/89); e Que rei sou eu? (13/2 a 16/9) com reprise a partir de 23/10; portanto às vésperas da eleição. TV Globo, os exploradores são os políticos e não os empresários; o Estado (ineficiente e corrupto) é o culpado da situação da imoralidade nacional e não o mercado ou o capitalismo. É bem verdade, no entanto, que havia, entre os intelectuais de esquerda, um grande
desejo político de que o tema dominante das eleições na fosse a corrupção ou a inflação, e sim a privatização de parte do Estado. Por outro lado, o que estava em jogo na disputa discursiva é justamente qual a questão central do cenário político; e o que se observava é que as novelas ajudam a agendar a idéia de que a corrupção era o grande problema nacional e de que a moralização e a diminuição do Estado são as respostas adequadas para sua solução.

“Brizola sempre esteve ligeiramente à frente de Lula (na verdade, em empate técnico ), com a bandeira da educação que transformaria o ensino fundamental, e só sendo ultrapassado no início de novembro, já no fim da campanha. Tal fato deu margem a denúncias do PDT de fraude pró-Lula (manipulação de dados pelos Institutos de pesquisas) para beneficiar Collor, uma vez que o petista seria um adversário mais fácil de derrotar. No 2o turno, Cenário de Representação da Política se tornou mais ideológico, com Collor atacando diretamente o posicionamento político de Lula e ao mesmo tempose fazendo de vítima de agressões forjadas. E, mais uma vez, teve o apoio do conjunto da mídia impressa e televisiva. As pesquisas de opinião, no entanto, mostram a subida de Lula e a queda de Collor até o dia 12/12, até o Episódio Miriam Cordeiro, quando então Lula cai um ponto e Collor sobe outro”.

Na disputa entre os dois, no segundo turno o horário gratuito mostrou que os comícios viraram acessórios. O palco, agora, era a TV. Graças aos programas, o PT encostou em Collor nas pesquisas. A cada dia, um novo lance. Lula reuniu um número impressionante de artistas para cantar o “Lula-Lá”. Parecia uma jogada fulminante ver Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil pedindo votos. No dia seguinte, a resposta de Collor: juntou pedreiros, padeiros, mecânicos, operários e pôs todos a cantar. Em vez do nome, o rosto na tela era identificado como “um brasileiro”.

No final, quando as pesquisas mostravam o crescimento da candidatura Lula, Collor levou Mirian Cordeiro, ex-namorada do petista, à TV. Ela acusou Lula de pressioná-la a fazer aborto quando engravidou de Lurian, na década de 70. No dia seguinte, Lula apareceu chorando no horário eleitoral, abraçado à filha em questão. Depois, veio o último debate na TV. Visivelmente acossado, Lula saiu-se mal.

Enfim, a primeira eleição direta ficou para historia.


Candidatos à presidência da República em 1989: Fernando Collor de Mello (PRN / PSC), Luiz Inácio Lula da Silva (PT / PSB / PC do B), Leonel de Moura Brizola (PDT), Mário Covas Junior (PSDB), Paulo Salim Maluf (PDS), Guilherme Afif Domingos (PL /PDC), Ulysses Guimarães (PMDB), Roberto Freire (PCB), Aureliano Chaves (PFL), Ronaldo Caiado (PSD), Affonso Camargo (PTB), Enéas Carneiro (Prona), José Alcides Marronzinho de Oliveira (PSP), Paulo Gontijo, Zamir José Teixeira, Lívia Maria (PN), Eudes Mattar (PLP), Fernando Gabeira (PV), Celso Brant (PMN), Antônio Pedreira (PPB) e Manuel Horta (PDC do B)

Candidaturas anuladas: Armando Correia (PMB) e Sílvio Santos (PMB)


Resultado da eleição para presidente da República:
Primeiro Turno:
1º lugar - Fernando Collor de Mello (PRN / PSC) - 20.607.936 votos
2º lugar - Luiz Inácio Lula da Silva (PT / PSB / PC do B) - 11.619.816 votos
3º lugar - Leonel de Moura Brizola (PDT) - 11.166.016 votos
4º lugar - Mário Covas Junior (PSDB) - 7.786.939 votos
5º lugar - Paulo Salim Maluf (PDS) - 5.986.012 votos
6º lugar - Guilherme Afif Domingos (PL /PDC) - 3.271.986 votos
7º lugar - Ulysses Guimarães (PMDB) - 3.204.853 votos
9º lugar - Roberto Freire (PCB) - 768.803 votos
10º lugar - Aureliano Chaves (PFL) - 600.730 votos
11º lugar - Ronaldo Caiado (PSD) - 488.872 votos
12º lugar - Affonso Camargo (PTB) - 379.262 votos
13º lugar - Enéas Carneiro (Prona) - 360.574 votos
14º lugar - José Alcides Marronzinho de Oliveira (PSP) - 238.379 votos
15º lugar - Paulo Gontijo (PP) - 198.708 votos
16º lugar - Zamir José Teixeira (PCN) - 187.160 votos
17º lugar - Lívia Maria (PN) - 179.896 votos
18º lugar - Eudes Mattar (PLP) - 162.336 votos
19º lugar - Fernando Gabeira (PV) - 125.785 votos
20º lugar - Celso Brant (PMN) - 109.894 votos
21º lugar - Antônio Pedreira (PPB) - 86.100 votos
22º lugar - Manuel Horta (PDC do B) - 83.280 votos

Segundo Turno:
1º lugar - Fernando Collor de Mello (PRN / PSC)
2º lugar - Luiz Inácio Lula da Silva (PT / PSB / PC do B)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A EVOLUÇÃO DOS GRANDES CLUBES CARNAVALESCOS

TENENTES DO DIABO


A historia nos conta que as Grandes Sociedades, que na década de 70 eram denominadas GRANDES CLUBES CARNAVALESCOS, marca a atuação dos três mais antigos Clubes (Tenentes do Diabo, Democráticos e Fenianos), principalmente nos movimentos patrióticos brasileiros pela emancipação da escravatura e implantação da Republica.

“Foi no final do século XIX que se iniciou o carnaval das Grandes Sociedades, novidade anunciada em 14 de janeiro de 1855 pelo jornal Correio Mercantil – na época o mais importante da cidade – em crônica assinada pelo romancista José de Alencar. Constituída por um grupo de oitenta foliões dos mais diferentes ramos de atividades, as Grandes Sociedades prometiam promover, no domingo de carnaval, sua grande promenade pelas principais ruas do Centro da Cidade.

A riqueza e o luxo dos trajes, a musica, as flores e o aspecto original do grupo tornaram interessante o desfile de mascara. Foi assim que surgiram as tradicionais agremiações, das quais participavam pessoas de alto nível social, conforme comprovam famosos historiadores como Gastão Cruls, Melo Moraes Filho, Paulo Barreto (João do Rio), Mariza Lira, Roberto Macedo, Morales de Los Rio, câmara Cascudo, Vieira Fazenda, Luiz Edmundo e muitos outros pesquisadores da história do nosso carnaval.

Sua alteza Real o Imperador foi procurado, na residência oficial, na Quinta Imperial, por José de Alencar, Muniz Barreto, Joaquim Francisco Alves, Coronel Polidoro da Fonseca e João Quintanilha, que o convidaram para assistir das sacadas do Paço Imperial, na Praça XV de Novembro (antigo edifício dos Correios e Telégrafos), ao sensacional desfile, do qual participaram os oitenta iniciadores das Grandes Sociedades, entre eles Pinheiro Guimarães, Ramon de Azevedo, César Muzio, Augusto de Castro e Manoel Antonio de Almeida a fina flor da Elite carioca da época.

Nascia, assim, um carnaval cheio de alegria, entusiasmo e humorismo dominando as ruas do Rio.

O grupo inicial de foliões constituiu o chamado Grande Congresso das Sumidades Carnavalescos, dissolvido por constantes desavenças internas, surgindo, então, a Sociedade de Estudantes de Heidelberg, à qual se filiaram associados de outras agremiações.
O primeiro Grande Clube foi o dos Zuavos Carnavalescos nome de fundação dos Tenentes do Diabo, que surgiu no combate de num incêndio por seus associados a uma drogaria da Rua Direita (hoje 1º de Março) em pleno domingo de Carnaval de 1861 por este feito passou a ser chamado EUTERPE COMERCIAL TENETES DO DIABO com as cores vermelha e preta.
Em 1867 saiu com a alegoria “A Orfandade”, cujos componentes pediam auxilio para o Asilo dos Inválidos e para Caixa de Socorro D. Pedro II.

"Este texto foi escrito na madrugada de segunda para terça de carnaval, estava completamente duro de tudo, resolvi ler sobre carnaval e fui fazendos as anotações". hoje, é que revendo os aquivos encontrei e resolvi publicar no blog ainda falta as outras partes que ainda não encontrei, não sei se esta num pendrive ou cd ou no disco rigido do micro.

Arquetudo da Lapa



A Rua do Aqueduto

O Morro de Santa Teresa, que forma um dos bairros mais tradicionais do Rio, foi inicialmente conhecido como do Desterro, seguindo o nome de sua primeira construção, a antiga ermida de N.Sª do Desterro, de 1629. Após a criação e dedicação do convento para freiras reclusas de acordo com a regra de Santa Teresa, no século XVIII, é que tanto o morro quanto sua ladeira mudariam seu nome para o atual.

Nesta época já existia no local a obra que iria determinar os contornos do futuro bairro: o aqueduto da Carioca, levando ao centro da cidade o líquido vital, desde a serra do Corcovado. Obra iniciada em 1672, sofreu vários atrasos e problemas, por conta da má qualidade do material e de vandalismo, mas mesmo assim conseguiu chegar até o Largo da Carioca em 1723 através dos primeiros arcos, que iam de Santa Teresa até o morro de Santo Antônio passando pelo morro das Mangueiras. O abastecimento, ameaçado pelas constantes falhas, levou o governador Gomes Freire em 1744 a fazer uma revisão total no sistema, incluindo a feitura dos atuais arcos, de maior solidez.


Bonde passando ao lado do aqueduto, na Santa Teresa de 1900



O aqueduto, uma construção de alvenaria, tinha altura em torno de dois metros e leito interno de pedra, por onde corria a água. Iniciando no Silvestre, o fluxo captado era nele introduzido e descia por 7 quilômetros até os arcos. Até meados do século XIX cumpriu sua função, mas o crescimento da população forçou a busca por novos mananciais, pois o velho aqueduto já não dava conta. No verão de 1889, a escassez resultou no aproveitamento das águas do Rio d'Ouro, na Baixada, através de obra feita em seis dias por Paulo de Frontin.

Os arcos de Gomes Freire, parte do sistema colonial, ganhariam uma segunda vida em 1896, quando, em 1º de setembro, os bondes elétricos da Companhia Ferro-Carril Carioca começaram a utilizá-los como nova passagem, indo até o Largo da Carioca. No ano seguinte, todo bairro era servido pela empresa. O eixo principal de transporte seguia o aqueduto, e tornou-se a grande artéria que daria vida a boa parte da região, cujo desenvolvimento anterior limitava-se à área de Paula Mattos.

Pouco a pouco, o antigo caminho, dispondo agora de uma ligação eficaz com o Centro, era ocupado, pontilhando de casas a Rua do Aqueduto. Um dos mais conhecidos moradores foi o Almirante Alexandrino de Alencar, ministro da Marinha em vários governos, como de Afonso Pena e Hermes da Fonseca. Em homenagem, o trecho da Rua do Aqueduto do Silvestre até o Curvelo recebeu seu nome, em 1917. Daí até os arcos passou a se chamar Joaquim Murtinho, médico homeopata e ministro da Fazenda no governo Campos Sales, com residência no trecho inicial da rua, falecido em 1911.

Os vestígios do aqueduto iam paulatinamente desaparecendo, na medida em que surgiam novas residências e que sua principal via se ampliava, mas o bairro de Santa Teresa sempre traria como marca indelével em sua forma e disposição o caminho percorrido pelas águas das montanhas até o centro, por séculos verdadeira linha da vida da cidade.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O encanto dos Orixás


Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual.

Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais.

É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuina brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas.

Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual.

O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos.

Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual.

Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.

O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de BANDHA (movimento inecessante da força divina).

Sincretiza de forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso pais criando um sistema coerente.

Privilegia as tradições do Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos seres humanos em suas necessidades.

Mas não as considera como entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las.

Os Orixás, a Mata Virgem, o Rompe Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da Divindade.

Elas não multiplicam Deus num falso panteismo mas concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo Deus.

Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra em comunhão com Deus.

A Umbanda é uma religião profundamente ecológica.

Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais.

Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York que se deixou encantar pela religião da Umbanda.

Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título O Encanto dos Orixás, desvendando-nos a riqueza espiritual da Umbanda.

Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Alvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T. S. Elliot e o sufi Rumi.

Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige.

Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos.

Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs.

Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem também era uma religião de escravos e de marginalizados, “os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores”.

Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo.

É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos.

Deus desborda de nossas cabeças e dogmas.

Leonardo Boff é teólogo

Transcrito do Blog do Noblat